O percentual de estudantes com
rendimento adequado em matemática na rede pública do país cai ao longo dos anos
do ensino fundamental, mostra estudo que comparou a evolução de alunos entre
2007 e 2011.
A constatação é de levantamento inédito
da ONG Todos pela Educação, que detalha a evolução do rendimento dos alunos de
escolas públicas do país na Prova Brasil, exame do governo federal.
O percentual de estudantes com
rendimento adequado na disciplina de uma turma caiu de 22% no quinto ano, em
2007, para 12%, quando ela chegou ao último, em 2011.
Ou seja, 88% deles não sabiam calcular
porcentagens ou a área de uma figura plana ou mesmo ler informações em um
gráfico de colunas. E levam essa defasagem para os ensinos médio e superior.
Em língua portuguesa, o recuo entre as
séries não foi tão intenso (26% para 23%).
Uma das explicações mais citadas por
especialistas é a falta de professores na área. É na etapa final do fundamental
que os alunos passam a ter aulas com docentes especialistas nas matérias.
"Um jovem com habilidade em
matemática pode ter salários mais altos se for para engenharia, para bancos.
Poucos querem lecionar", disse o professor Rogério Osvaldo Chaparin, do
Centro de Aperfeiçoamento do Ensino da Matemática, da USP.
No último levantamento federal,
matemática apareceu como a área de maior deficit de professores (65 mil).
Igor Willian, 17, ficou quase 2010
inteiro sem docente da disciplina, na zona leste da capital. "Até hoje
tenho dificuldade com matemática, física e química, porque fiquei aquele ano no
pátio."
Ele recorreu ao Henfil, cursinho
popular, para diminuir a defasagem. "Gostaria de fazer engenharia civil,
mas tenho medo dos cálculos."
Para a gerente da área técnica do Todos
pela Educação, Alejandra Meraz Velasco, há dificuldades adicionais nos anos
finais do fundamental.
Uma delas é que os alunos são divididos
entre municípios e Estados. "O final do fundamental fica num limbo, quase
sem políticas para melhoria. E em matemática o problema fica mais evidente,
porque há uma sequência difícil de recuperar depois", diz.
FOLHA DE SÃO PAULO
01/04/2013 - 02h30
FÁBIO TAKAHASHI
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