Dispõe sobre a reorganização do Ensino Fundamental em Regime
de Progressão Continuada e sobre os Mecanismos de Apoio Escolar aos alunos dos
Ensinos Fundamental e Médio das escolas estaduais
O Secretário da Educação, à vista do que lhe representou a
Coordenadoria de Gestão da Educação Básica e considerando que:
- a melhoria da qualidade da educação básica somente se
consolida mediante o desenvolvimento de um ensino que assegure efetiva aprendizagem
ao aluno;
- o atual contexto e os resultados das avaliações externas,
alcançados pelas escolas da rede pública estadual, indicam a necessidade de se
dar continuidade ao redimensionamento dos ciclos do Ensino Fundamental, com
flexibilização dos tempos de aprendizagem e diversificação dos mecanismos de
apoio;
- é de pleno direito do aluno a apropriação do currículo
escolar, de forma contínua e exitosa, subsidiada por tempos de aprendizagem e
mecanismos de apoio adequados,
Resolve:
Artigo 1º - O Ensino Fundamental, em Regime de Progressão
Continuada, reorganizado em 3 (três) Ciclos de Aprendizagem, com duração de 3
(três) anos cada, oferecido nas escolas estaduais, terá seu funcionamento
regido pelo que dispõe a presente resolução.
Parágrafo único – A reorganização do ensino em três Ciclos de
Aprendizagem, a que se refere o caput deste artigo, visa a propiciar condições
pedagógicas para que crianças e adolescentes obtenham mais oportunidades de ser
eficazmente atendidos em suas necessidades, viabilizando-lhes tempos de
aprendizagem adaptados a suas características individuais.
Artigo 2º – Na reorganização do ensino, de que trata esta
resolução, as equipes escolares deverão proceder ao acompanhamento e avaliação
contínuos do desempenho do aluno, com intervenção pedagógica imediata, sempre
que necessário, e, quando for o caso, com encaminhamento do educando para
estudos de reforço, recuperação e aprofundamento curricular, dentro e/ou fora
do seu horário regular de aulas.
Artigo 3º - A reorganização do ensino por Ciclos de Aprendizagem
se propõe a:
I - assegurar condições de aprendizagem, segundo o critério
de flexibilização do tempo necessário ao aprendizado, no desenvolvimento
gradativo e articulado dos diferentes conteúdos que compõem o currículo do
Ensino Fundamental;
II - evidenciar a importância que a flexibilização do tempo
representa para a organização do ensino e para a efetivação de aprendizagens
contínuas e progressivas de todos os alunos, de forma geral, e de cada um, em
particular;
III - garantir ao aluno um ensino que, a partir de seus conhecimentos
prévios, implemente novos conteúdos curriculares, visando às aprendizagens
previstas para cada ano de cada Ciclo do Ensino Fundamental;
IV - subsidiar gestores e professores no agrupamento de alunos,
na constituição de classes e na organização dos processos de ensino,
acompanhamento e avaliação contínua da aprendizagem;
V - ressaltar a importância de intervenções pedagógicas, com
ações de reforço, recuperação e aprofundamento curricular, como mecanismos
indispensáveis à obtenção de bons resultados de aprendizagem;
VI - fornecer a pais e/ou responsáveis parâmetros e orientações
que viabilizem e estimulem o monitoramento do processo de aprendizagem do
aluno.
Artigo 4º - Os Ciclos de Aprendizagem, compreendidos como
espaços temporais interdependentes e articulados entre si, definem-se ao longo
dos nove anos do Ensino Fundamental, na seguinte conformidade:
I - Ciclo de Alfabetização, do 1º ao 3º ano; II - Ciclo
Intermediário, do 4º ao 6º ano; III - Ciclo Final, do 7º ao 9º ano.
Artigo 5º - O Ciclo de Alfabetização (1º ao 3º ano) tem como
finalidade propiciar aos alunos a alfabetização, o letramento e as diversas
formas de expressão e de iniciação ao aprendizado de Matemática, Ciências,
História e Geografia, de modo a capacitá-los, até o final deste Ciclo, a fazer
uso da leitura, da linguagem escrita e das diversas linguagens utilizadas nas
diferentes situações de vida, dentro e fora do ambiente escolar.
§ 1º – Ao final do 3º ano, o aluno que não se apropriar das
competências e habilidades previstas para o Ciclo de Alfabetização, de que
trata o caput deste artigo, deverá permanecer por mais um ano neste Ciclo, em
uma classe de recuperação intensiva.
§ 2º - O aluno a que se refere o parágrafo anterior, ao término
de quatro anos de estudos no Ciclo de Alfabetização, deverá continuar sua
aprendizagem no Ciclo Intermediário.
Artigo 6º - O Ciclo Intermediário (4º ao 6º ano) tem como
finalidade assegurar aos alunos a continuidade e o aprofundamento das
competências leitora e escritora, com ênfase na organização e produção escrita,
em consonância com a norma padrão, nas diferentes áreas de conhecimento.
§ 1º – No 4º e no 5º anos do Ciclo Intermediário, o ensino
será desenvolvido, predominantemente, por professor regente de classe e, a
partir do 6º ano, por professores especialistas nas diferentes disciplinas do
currículo.
§ 2º – Caberá à equipe gestora e aos professores que atuam no
Ciclo Intermediário promover condições pedagógicas que assegurem aprendizagens
necessárias à transição do ensino desenvolvido por professor regente de classe
e do desenvolvido por docentes especialistas.
§ 3º – Ao final do 6º ano, o aluno que não se apropriar das
competências e habilidades previstas para o Ciclo Intermediário, de que trata o
caput deste artigo, deverá permanecer por mais um ano neste Ciclo, em uma
classe de recuperação intensiva.
§ 4º - O aluno a que se refere o parágrafo anterior, ao término
de quatro anos de estudos no Ciclo Intermediário, deverá continuar sua
aprendizagem no Ciclo Final.
Artigo 7º - O Ciclo Final (do 7º ao 9º ano) tem como finalidade
assegurar a consolidação das aprendizagens previstas para este Ciclo,
contemplando todo o currículo escolar estabelecido para o Ensino Fundamental.
§ 1º - Os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, promovidos
em regime de progressão parcial, com pendência em até 3 (três) disciplinas,
poderão iniciar a 1ª série do Ensino Médio, desde que tenham condições de se
apropriar, concomitantemente, dos conteúdos das disciplinas pendentes do Ensino
Fundamental e das disciplinas da 1ª série do Ensino Médio.
§ 2º - Ao final do 9º ano, o aluno que não se apropriar das
competências e habilidades previstas para o Ciclo Final, na forma a que se
refere o caput deste artigo, deverá permanecer por mais um ano neste Ciclo, em
uma classe de recuperação intensiva.
§ 3º - O aluno a que se refere o parágrafo anterior, ao término
de quatro anos de estudos no Ciclo Final, deverá concluir o Ensino Fundamental.
Artigo 8º - O processo de consolidação de aprendizagens no
Ensino Fundamental, em Regime de Progressão Continuada, a que se refere o caput
do artigo 7º desta resolução, deverá assegurar o acompanhamento e avaliação
contínuos e sistemáticos do ensino e do desempenho do aluno, a fim de apontar a
necessidade, ou não, de intervenções pedagógicas, na forma de estudos de
reforço e/ou recuperação, dentro ou fora do horário regular de aulas do aluno.
Parágrafo único - O acompanhamento e a avaliação das
aprendizagens de cada aluno devem ser concomitantes ao processo de ensino e
aprendizagem, e sistematizados periodicamente por professores e gestores que
integram os Conselhos de Classe/Ano/Série e Ciclo, realizados, respectivamente,
ao final do bimestre, do ano/série e do ciclo.
Artigo 9º - Caberá à equipe escolar identificar os alunos do
Ensino Fundamental e do Ensino Médio que necessitem de mecanismos de apoio no
processo de ensino e aprendizagem, para concluir seus estudos dentro do tempo
regular previsto na legislação pertinente.
Parágrafo único - Os mecanismos de apoio utilizados no
processo de ensino e aprendizagem, a que se refere o caput deste artigo,
distinguem-se pelos momentos em que são oferecidos e pelas metodologias
utilizadas em seu desenvolvimento, caracterizando-se basicamente como estudos
de Recuperação Contínua e de Recuperação Intensiva, assim definidas:
1 - Recuperação Contínua: ação de intervenção imediata, a
ocorrer durante as aulas regulares, nas classes de Ensino Fundamental ou Médio,
e que é voltada para as dificuldades específicas do aluno, abrangendo não só os
conceitos, mas também as habilidades, procedimentos e atitudes, sendo
desenvolvida pelo próprio professor da classe ou da disciplina, com apoio do
Professor Auxiliar, quando necessário;
2 – Recuperação Intensiva: a oportunidade de estudos que
possibilita ao aluno compor classe cujo professor desenvolverá atividades de
ensino específicas e diferenciadas, que lhe permitirão trabalhar os conceitos
básicos necessários a seu prosseguimento de estudos.
Artigo 10 - O Professor Auxiliar, a que se refere o item 1 do
parágrafo único do artigo 9º desta resolução, terá como função precípua apoiar
o professor da classe ou da disciplina no desenvolvimento de atividades de
ensino e de aprendizagem, em especial, as de recuperação contínua, oferecidas a
alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, visando à superação de
dificuldades e necessidades identificadas em seu percurso escolar.
§ 1º - A atuação do Professor Auxiliar ocorrerá, ouvido o
professor da classe ou da disciplina, simultaneamente às atividades
desenvolvidas no horário regular de aulas, mediante atendimento individualizado
ou em grupo de alunos, podendo, em casos excepcionais e de comprovada
necessidade, vir a ocorrer em período diverso ao das aulas regulares.
§ 2º - O Professor Auxiliar poderá atuar somente em classes
que totalizem, no mínimo, 25 (vinte e cinco) alunos, nos anos iniciais e finais
do Ensino Fundamental, e 30 (trinta) alunos, no Ensino Médio.
§3º - Excepcionalmente, o Professor Auxiliar poderá atuar em
uma das classes regulares de, no mínimo, 20 (vinte) alunos, desde que dela
conste matrícula do público-alvo da Educação Especial, cuja necessidade tenha
sido avaliada pela Equipe de Educação Especial da Diretoria de Ensino,
excetuando-se dessa possibilidade as Salas de Recursos e as Classes Regidas por
Professor Especializado.
§ 4º - O Professor Auxiliar poderá atuar, em classe do 1º ao
5º ano, com até 10 (dez) aulas semanais e pelo tempo que se faça necessário à
superação das dificuldades dos alunos.
Artigo 11 - Cada classe do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental
e das 3 (três) séries do Ensino Médio poderá contar com até 3 (três)
Professores Auxiliares, respeitada a compatibilidade e pertinência entre a
natureza da disciplina e a área de formação acadêmica desses professores, que
atuarão, no decorrer do ano letivo, em apoio pedagógico aos alunos, bem como ao
docente da disciplina, na organização, desenvolvimento e avaliação das
atividades de ensino e de aprendizagem, em especial as de recuperação contínua.
§ 1º - As atividades de apoio fornecidas por Professor
Auxiliar, para alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e das séries do
Ensino Médio que apresentem resultados insatisfatórios de aprendizagem, poderão
ser desenvolvidas em até 3 (três) aulas semanais por classe e no horário
regular de aulas, de acordo com o diagnóstico das necessidades, expectativas e
prioridades identificadas pelos professores das diferentes disciplinas da
classe e pela equipe gestora da unidade escolar.
§ 2º - As 3 (três) aulas semanais por classe poderão ser
distribuídas entre até 3 (três) disciplinas, com possibilidade de alternância
periódica das demais disciplinas do currículo, atendendo ao que indicar o
diagnóstico de que trata o parágrafo anterior.
Artigo 12 - As aulas relativas às atividades de apoio
escolar, fornecido pelo Professor Auxiliar, serão atribuídas a docentes
devidamente habilitados/qualificados e inscritos no processo anual de
atribuição de classes e aulas, observados os respectivos campos de atuação e na
seguinte ordem de prioridade das situações funcionais:
I - docente titular de cargo, que se encontre na situação de
adido, sem descaracterizar essa condição, ou a título de carga suplementar de
trabalho;
II - docente ocupante de função-atividade, na composição ou
complementação de sua carga horária de trabalho;
III - candidatos à contratação temporária.
§ 1º - Para os docentes, a que se referem os incisos II e III
deste artigo, somente poderá haver atribuição, como Professor Auxiliar, na
comprovada inexistência de classe ou de aulas que lhes possam ser atribuídas,
no processo regular de atribuição, em nível de unidade escolar e também de
Diretoria de Ensino.
§ 2º - O Professor Auxiliar, em qualquer dos níveis de
ensino, exercerá suas atribuições em até, no máximo, 30 (trinta) aulas
semanais, fazendo jus, de acordo com a legislação pertinente, à quantidade de
horas de trabalho pedagógico correspondente à carga horária atribuída.
Artigo 13 - A Recuperação Intensiva, caracterizada como
mecanismo de recuperação pedagógica centrada na promoção da aprendizagem do
aluno, mediante atividades de ensino diferenciadas e superação das defasagens
de aprendizagem diagnosticadas, a que se refere o item 2 do parágrafo único do
artigo 9º desta resolução, será estruturada em dois tipos de classes, cuja
instalação deverá observar, obrigatoriamente, a seguinte ordem de prioridade:
I - classe de Recuperação Intensiva de Ciclo - RC, organizada
com o limite mínimo de 10 (dez) e máximo de 20 (vinte) alunos, destinada
exclusivamente a alunos egressos dos anos finais de cada ciclo, cujo desempenho
escolar lhes tenha determinado a permanência, por mais um ano letivo, no 3º, 6º
e 9º anos do Ensino Fundamental;
II - classe de Recuperação Contínua e Intensiva - RCI, constituída,
em média, com 20 (vinte) alunos e destinada a alunos egressos dos anos finais
de cada ciclo, cujo desempenho escolar lhes tenha determinado a permanência,
por mais um ano letivo, no 3º, 6º e 9º anos do Ensino Fundamental, sendo que,
nessa classe, a média de 20 (vinte) alunos poderá ser completada com alunos
egressos do 2º, 5º e 8º anos do Ensino Fundamental que, mesmo cursando ano
subsequente, ainda necessitem de atendimentos de reforço e estudos de
recuperação.
§ 1º - As classes de Recuperação Contínua e Intensiva - RCI,
de que trata o inciso II deste artigo, somente poderão ser instaladas após
total atendimento ao limite máximo da organização de classes de Recuperação Intensiva
de Ciclo – RC.
§ 2º - A organização das classes de recuperação intensiva, RC
e RCI, de que tratam os incisos deste artigo, deverá resultar de indicação
feita pelos professores, no último Conselho de Classe/Ano, realizado ao final
do ano letivo anterior, ocasião em que também poderão ser indicados os docentes
da escola com possibilidade de assumir as referidas classes no ano letivo
subsequente.
Artigo 14 - A equipe gestora, em reunião do Conselho de
Classe/Ano, ouvidos os professores da classe ou das disciplinas, ao deliberar
sobre a aplicação dos mecanismos de apoio escolar, deverá, na formação de
classes de recuperação intensiva, de que trata o disposto no artigo 13 desta resolução,
identificar, preliminarmente, diante do total de classes regularmente
constituídas, o número de salas ociosas existentes, por turno/período, na
unidade escolar, que poderão vir a atender a necessidade de formação e a ordem
de prioridade estabelecida no referido artigo.
§ 1º – A formação de classes de recuperação intensiva,
observada a identificação preliminar a que se refere o caput deste artigo,
deverá ser submetida à autorização do Dirigente Regional de Ensino, mediante
parecer do Supervisor de Ensino da unidade escolar.
§ 2º - Excepcionalmente, classes de recuperação intensiva,
com número de alunos inferior ao previsto nos incisos I e II do artigo 13 desta
resolução, poderão ter sua constituição autorizada pelo Dirigente Regional de
Ensino, mediante solicitação devidamente justificada do Diretor de Escola,
acompanhada de parecer conclusivo do Supervisor de Ensino da unidade escolar.
Artigo 15 - A atribuição de classes e de aulas de recuperação
intensiva observará as normas e critérios relativos ao processo anual de
atribuição de classes e aulas.
Parágrafo único - As classes e as aulas de recuperação
intensiva poderão constituir e ampliar a jornada de trabalho do docente titular
de cargo, e também, se for o caso, compor sua carga suplementar.
Artigo 16 – Caberá às Coordenadorias de Gestão da Educação
Básica e de Gestão de Recursos Humanos, na conformidade das respectivas áreas
de competência, baixar instruções que se façam necessárias ao cumprimento do
que dispõe a presente resolução.
Artigo 17 - Esta resolução entra em vigor na data de sua
publicação, ficando revogadas as disposições em contrário, em especial as
Resoluções SE nº 2, de 12.1.2012, nº 44, de 12.4.2012, nº 43, de 18.6.2013, nº
61, de 30.8.2013, e nº 74, de 8.11.2013.
D.O.E. – Executivo I – 03-10-2014 – Página 32
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