A família do menino de 11 anos
que foi chamado de Félix em sala de aula pediu, na Justiça, indenização, por
danos morais e materiais, de 200 salários mínimos, o que equivale a R$ 135,6
mil. O estudante da rede estadual em Piracicaba foi alvo de brincadeiras dos
colegas, que o compararam ao personagem homossexual interpretado por Mateus Solano
na novela "Amor a Vida". Na ação, a família também pede tratamento
psicológico para o estudante, com psicólogo a ser definido pela mãe, pelo tempo
necessário para recuperação do menor.
O processo, no qual o Estado de
São Paulo é o réu, foi ajuizado ontem no Fórum de Piracicaba e, segundo o
advogado Homero de Carvalho, que representa a família, a criança precisa de
acompanhamento: "O menino, que era falante, inteligente, está calado,
introspectivo. Espero que não, mas o dano pode ter sido grande", disse.
Ainda segundo Carvalho, a
professora não é alvo da ação. "Ela é mais uma vítima, pela falta de
preparo. Se o Estado quiser, pode até cobrar dela se for condenado, mas nossa
posição é que ela é mais vítima que ofensora", disse. Ele contou ainda que
um processo por injúria, na esfera criminal, já foi instaurado contra a
professora. "Lá, ela terá que responder", disse.
A mãe do menor, abalada, afirmou
que chegou até a cogitar retirar a ação e a ocorrência. "Meu filho está
sofrendo muito, nem sei mais o que fazer. Não queria essa exposição toda",
disse.
O caso ocorreu em 7 de agosto na
escola na Escola Estadual Professora Juracy Neves de Mello Ferracciú, no bairro
Noiva da Colina, em Piracicaba. A mãe do estudante, de 36 anos, contou que
ficou sabendo do caso ao chegar do trabalho, no fim da tarde. "Ele falou
comigo entre lágrimas, mal conseguia falar. Estava muito magoado, ofendido
mesmo", contou na ocasião, a mãe. Segundo a mãe, o menino estava triste e
contou que a professora fez comentários, em sala de aula, de que ele estava
parecendo com um personagem de novela, sem revelar, contudo, qual era. Depois,
o garoto foi satirizado por colegas de sala, que afirmaram que o personagem
seria Félix. A professora confirmou que se referia ao personagem de "Amor
à Vida" e o garoto teria começado a chorar.
De acordo com o relato do garoto,
a professora pediu desculpas e falou que tudo se tratava de uma brincadeira,
que ele não precisava ficar triste. Na saída da escola, ele teria sido
novamente hostilizado por colegas, que passaram a chamá-lo de Félix.
O menor passou então a ser alvo
de comentários de alunos da escola e, no dia seguinte, embora tenha ido ao
colégio, não conseguiu permanecer no local até o fim do período. A mãe, então,
solicitou a transferência do menor. Uma reunião de conciliação entre professora,
representantes do Estado e a família chegou a ser feita, mas não deu resultados
e a criança acabou mesma transferida no dia 12 de agosto.
A Secretaria de Estado da
Educação afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a reunião que
tentou a conciliação entre as partes foi de caráter pedagógico, para
esclarecimento do mal entendido, que no encontro ficou definido que o aluno
seria transferido a pedido da mãe. Já a Procuradoria Geral do Estado de São
Paulo, órgão que representa o Estado em ações judiciais, informou que não pode
divulgar um posicionamento sobre o caso porque não foi intimada pela Justiça.
Eduardo Schiavoni
Do UOL, em Americana 28/08/201315h50
- Atualizada 28/08/201316h09
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