Deficiências nas condições de
trabalho, baixa remuneração, problemas na infraestrutura das escolas e
existência de muitos professores com contratos de trabalho temporários são
algumas das dificuldades enfrentadas pelos docentes da rede estadual de São
Paulo, segundo quatro entidades de classe consultadas pelo jornal O Estado de
S. Paulo. De acordo com os sindicados, essas questões têm relação direta com a
ausência dos docentes, problema também considerado "grave e prejudicial à
educação" pelas entidades.
O valor da hora-aula recebida
pelo docente da rede estadual, em torno de R$ 9,00, é um motivo que justifica a
ausência do professor. É o que afirma José Maria Cancelliero, presidente do
Centro do Professorado Paulista (CPP) - entidade que possui mais de 100 mil
associados. "Se ele é do bairro de Santana (zona norte) e tiver de dar uma
aula em São Miguel Paulista (zona leste), ele já gasta duas conduções. Muitas
vezes não compensa, e como ele não tem concorrente, não será substituído por
nenhum outro professor", afirma Cancelliero.
Segundo o CPP, enquanto o piso
para 40 horas na rede municipal é de R$ 2,6 mil, nas escolas estaduais vai de
R$ 1,8 mil (anos iniciais do fundamental) a R$ 2.088 (anos finais e ensino
médio). Os valores variam de acordo com a formação do docente.
Com esses salários, não faltam
exemplos de professores que chegam a dar aula em até três escolas, diz Neli
Cordeiro, presidente do Apase, sindicato dos supervisores. "Eles
peregrinam. Dar aulas em mais de uma escola torna a atividade ainda mais desgastante",
diz Neli.
O déficit de professores também é
alvo de críticas. "Não é que eles faltam, o problema é que faltam
professores", afirma Maria Izabel Noronha, presidente da Apeoesp, o
sindicato dos professores da rede estadual. Segundo ela, existem alunos que
nunca tiveram aulas de física, química ou biologia com educadores com formação
devida nas respectivas áreas. "Quem dá aula são professores de disciplinas
afins", afirma Maria Izabel.
No ano passado, Jennifer Santos,
de 15 anos, então aluna do 1.º ano do ensino médio da escola estadual Roberto
Mange, na zona sul da capital, não teve aulas de química. "A professora
ficou de licença duas vezes, depois deixou de ir. Todos os dias que tínhamos
aulas de química, saíamos mais cedo. No final, todo mundo passou, sem ter feito
nenhuma prova", diz Jennifer.
Neste ano, a aluna enfrenta mais
problemas. "Não tenho professora de português. Ela abandonou as aulas. Nem
de sociologia", diz a jovem. O regime de contratação é outro agravante,
dizem as entidades sindicais. No Estado, são quase 35 mil docentes temporários.
Todos essas questões têm relação com a falta de atratividade da atual da
profissão, afirma Francisco Antônio Poli, presidente do Udemo, o sindicato que
representa os diretores de escolas. "A pergunta hoje é: quem quer ser
professor? A resposta é: o idealista, ou aquele que não tem outra opção",
diz Poli. Ele sugere uma maior participação dos pais na escola para amenizar os
problemas das faltas dos professores.
Sobre a suposta superlotação de
alunos nas aulas, a Secretaria Estadual de Educação informa que em mais de 60%
das classes a média de alunos é inferior a 40 estudantes. À respeito do
salário, a pasta explica que o valor repassado aos anos finais do fundamental,
por exemplo, ultrapassa em 33% o piso nacional. O Idesp, índice que mede a
qualidade da educação no Estado, caiu de 2,61 em 2011 para 2,59 no ano passado.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
FONTE: UOL ONLINE
Atualizada
04/04/201311h19
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